A IMAGEM
Em um mundo
onde a imagem é mais importante que a realidade, o que esperar? Pessoas entram
num templo para supostamente cultuar a Deus, mas ligam seus aparelhos e começam
a filmar o “artista”; pelas ruas quando alguém cai, briga, é atropelado,
rapidamente aparecem os paparazzis de plantão. Há uma neurose coletiva pelo
registro. Hoje, eu acho que minha filha (de menos de dois anos) já tem mais
fotos e filmes que eu já tive até agora. Nossa loucura é tanta que ao ver
alguém morrendo, precisando de ajuda, nós iremos pegar nosso celular e começar
a filmar, ao invés de ajudá-lo.
Às vezes
achamos que se Deus fosse se revelar hoje, Ele iria gravar um vídeo no youtube,
ou criar um perfil no facebook, ou ainda iria ficar mandando fotos no
instagram, para alcançar o maior número de visualizações possíveis. Pensa
comigo, Jesus no Getsemani gravando um vídeo de suas orações no monte, para
postar e sensibilizar outros para sua causa. Ou ainda, qual seria repercussão de
um vídeo com a coletânea dos grande milagres de Jesus? Seriam sucesso absoluto.
“Só que não”.
Deus não
escolheu aparecer para uma multidão. Quase todas as manifestações de Deus na
Bíblia, Ele aparece para poucas pessoas. Deus nunca quis ser um sucesso
midiático, pois essas coisas passam, mas aquilo que ELE fez na vida de Abraão,
José, Jocó, Moiséis, Davi, Jeremias, Isaías, Paulo e outros, marcaram as suas
vidas de forma tão forte que até hoje isso é lembrado como Revelação. Os
“grandes eventos”, no sentido de número de pessoas, marcam no máximo a nossa memória e fomentam nossas
emoções, mas o nosso coração é tocado
somente quando nos colocamos sensíveis a voz de Deus e vivemos uma experiência
pessoal.
Jesus não
escolheu o sucesso e o aplauso das multidões, em certos momentos suas atitudes
impopulares, como expulsar os vendedores do templo, fugir das multidões,
questionar os seus discípulos a cerca do que as multidões o chamavam e se
entregar para ser morto. Essas
atitudes, estão em sintonia com um plano
maior que está além de ser popular. Da mesma forma, a Igreja hoje não pode se
esconder nas multidões, precisamos tocar as vidas das pessoas, mas isso não se
dá somente com os grandes ajuntamentos, mas no face a face. A Igreja precisa ser curada de sua neurose
midiática, nós precisamos refletir se realmente queremos alcançar as pessoas
através das mídias, ou apenas massificar o evangelho.
Pois a
lógica da massificação tira a essência do evangelho, onde o “uns aos outros”
passa a ser a imagem vendida na TV. Assim, o ser cristão passa a ser uma
experiência como parte de uma massificação de uma ideia vendida, onde a ênfase
é ser parte de uma grande igreja, pois isso reflete em status, ter bens
materiais que garantem a imagem de cristão prospero e abençoado por Deus e por
fim um relacionamento congregacional baseado na lógica de consumo, onde a
Igreja é uma prestadora de serviços e os membros consumidores desses serviços.
Portanto, não precisamos parecer com esse tipo de cristianismo midiático e
massificado, é necessário apenas ser cristão porque parecemos com Cristo em
atitude de amor a Deus e ao próximo, pois a imagem pode ser manipulada em
qualquer fotoshop, mas quem é de Cristo, simplesmente é.
PJ
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