sexta-feira, 22 de novembro de 2013

PASTORAL 24/11/2013 - NEM TUDO QUE PARECE SER É

Quando a mulher viu que a árvore PARECIA agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também” Gn. 3:6

Quando Adão e Eva passeavam pelo Paraíso será que realmente eles tinham tudo? Se tinham, o que os vez desejar desobedecer a Deus? Se não tinham, por que hoje várias religiões falam do “Paraíso”? Será que quando chegarmos ao “Paraíso” ainda sentiremos falta de algo, como Adão e Eva sentiram?  Talvez o que tenha despertado no coração de Eva o desejo de comer o fruto tenha sido o fascínio pelo novo e pelo desconhecido, ou ainda ter se deixado levar pelos desejos do paladar, dos olhos e da mente.

Nos dias de hoje culpamos Adão, Eva, e até a Serpente, pelo pecado e por ter nos tirado do Paraíso. Na verdade estamos fugindo do foco da narrativa. Não deveríamos ver esse texto apenas como uma explicação de como o pecado entra no mundo, mas, também, de como o pecado entra nas nossas vidas, nos afastando da presença de Deus. Pois, a Palavra de Deus é atemporal, ou seja, fala de coisas eternas e, por isso, úteis para todos os tempos. Ainda hoje, o que move nossos corações a nos afastar de Deus é a mesma vontade, quase incontrolável, de experimentar o que nos parece agradável, atraente e desejável.  Então, aqui temos uma escolha a fazer, a mesma escolha que foi proposta a Adão: ser obediente a voz de Deus, ou se deixar levar pelo que PARECE ser bom.

Tem uma história bem interessante de um cachorrinho que encontrou um pedaço de carne bem suculenta. Quando voltava para casa, ele se deparou com um rio de correnteza forte, ao parar na margem percebeu que seu reflexo nas águas dava a impressão de ser outro cachorro com um pedaço de carne maior do que o seu. Então, soltou a sua carne que caiu na água, sendo levada pela correnteza. Esse conto ilustra bem o quanto somos seduzidos por aquilo que não é real, quando desejamos na verdade o nosso próprio reflexo, corremos o risco de perdermos o que já temos.

Então devemos aniquilar todos nossos desejos, instintos, nossas humanidades e obedecermos a Deus de forma cega e inquestionável? Quem me dera isso fosse possível. Porém, o problema não são nossas humanidades, mas os valores que determinam nossas escolhas. O erro não está em ver que algo é agradável ao paladar, ou atraente aos olhos, ou ainda desejável para se obter discernimento, o vacilo  está em se deixar levar por essas SENSAÇÕES e perder tudo aquilo que Deus nos deu. Podemos estar deixando a Presença de Deus (o Paraíso) porque temos deixado nossas sensações, sentimentos e expectativas determinarem nossas escolhas.

A Igreja Protestante, durante todo século XIX e boa parte do XX, enfatizou a necessidade de aniquilar os instintos humanos, como forma de manter-se na presença de Deus. Isso, produziu críticas bem relevantes de homens como Nietzsche (século XIX) e Freud (século XX) no sentido de que o Cristianismo podava os instintos humanos e por isso a própria humanidade. De certa forma, eles tinham um pouco de razão. Porém , ao mesmo tempo que o protestantismo vinha “reprimindo” as nossas humanidades, movimentos de valorização das emoções começam a surgir (como o pentecostalismo). Assim, chegamos ao fim do século XX e início do XXI tentando atender os desejos e as sensações das pessoas. Onde, culto bom é o culto que nos faça chorar.

Portanto, se de um lado temos a invenção de uma Igreja emo-espiritual voltada para a experimentação sensorial, emotiva e estimuladora; do outro temos a negação total da nossa humanidade (instintos, desejos e sentimentos). Os dois extremos nos afastam de Deus. Pois, o emo-espiritualismo, confunde emoções com mover do Espírito, aí somos facilmente seduzidos pelo que parece ser agradável, atraente e desejável. Já a negação total dos nossos instintos, gera em nós doenças emocionais. A solução, apresentada pela Palavra de Deus é muito simples, devemos nos sujeitar a Deus e resistir ao Diabo (Tg 4:7). Não adianta reprimir cegamente nossas humanidades, nem confundir sensações emocionais com a presença de Deus. Mas, devemos sujeitar nossas impressões da realidade a Deus e resistir a tudo aquilo que é contrário à Palavra, mesmo que pareça bom aos nossos olhos. Assim, a Presença de Deus nos basta quando temos a dimensão do que Ela é, sem nos deixar enganar pelo que só parece ser.
PJ



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